Os ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais do G20 (grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia) concluem em Buenos Aires, Argentina, neste domingo, 22.07, o terceiro encontro deste ano, com um comunicado ressaltando a importância do comercio internacional.
A reunião ocorre num momento de escalada da guerra tarifaria entre as grandes potencias.
“Falamos de comércio de maneira racional e todos concordamos que é importante que tenhamos mais comércio”,
disse o secretário internacional do ministério da Fazenda do Brasil, Marcello Estevão, em entrevista coletiva.
“O que estamos pedindo em geral é que as partes que estão em desacordo conversem mais e briguem menos”,
concluiu.
Segundo Estevão, apesar de haver diferenças de opiniões, todos expressaram preocupação sobre as restrições ao comercio mundial, porque a guerra de tarifas afetará o crescimento das economias de países desenvolvidos e também em desenvolvimento.
“Estamos todos preocupados com o que está acontecendo, porque não envolve só China e os EUA. Todos nós podemos levar uma bala perdida quando há briga entre economias muito grandes”,
disse Estevão.
“Há pouco, levamos alguma bala perdida com o aço”,
acrescentou, referindo-se à ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, de taxar todas as importações de aço.
A guerra [ foi desencadeada pelos EUA ao aplicarem tarifas ] de 25% sobre US$ 34 bilhões de importações chinesas. A China retaliou, fazendo o mesmo. O governo norte-americano já identificou outros produtos chineses, no valor de US$ 200 bilhões, sobre os quais ameaça aplicar uma taxa de 10%.
Nesta queda de braço, os EUA têm mais margem de manobra: em 2017, importou US$ 505 bilhões da China, mas exportou apenas US$ 130 bilhões. Mas o governo norte-americano enfrenta oposição interna, de indústrias que serão prejudicadas, porque dependem de insumo importado, e dos consumidores, que terão que pagar mais caro – algo que não é um problema para a China, onde o Estado controla a economia, o câmbio e a política.
União Europeia
Os EUA também já aplicaram tarifas às importações de aço e alumínio da União Europeia, do Canada e do México. O Brasil também estava na lista, acabou negociando quotas. Agora os EUA ameaçam taxar os veículos europeus.
O ministro das Finanças da Franca, Bruno Le Maire, disse que os EUA estavam aplicando a “lei da selva” com sua política de aplicar tarifas de forma unilateral.
O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, respondeu que
“se a Europa acredita no livre comercio, estamos prontos a assinar um acordo sem tarifas, sem barreiras não tarifarias e sem subsídios”.
Le Maire retrucou que a França “se recusa a negociar com um revólver apontado a sua cabeça” e que os EUA devem dar o primeiro passo para voltar atrás na guerra comercial.